Emerjo,
Olho em volta e te percebo sedenta;
Chego, aconchego, e sugiro;
Peço, imploro, choro, seduzo e convenço;
E te cheiro, e te beijo e mordisco;
E carícias, e lambidas, mordidas;
Ai! ... E amassos, roçares e rangeres,
E nervos e músculos e carnes frementes.
Nos deitamos e, nus, reconhecemos,
Como cegos, com o leve alisar,
A urgência de nossos desejos.
Sussurro pedidos, e beijo, e sorvo,
E mordo de leve tua orelha
Murmuras incoerências
E desço com a boca fervente aos teus seios
E sugo e mordo e mordisco
E cheiro teu ventre de perto,
E com as narinas frementes
Abro tuas pernas e te sorvo.
Até que me agarras pelos cabelos
E me puxas desesperada.
Já com olhos esgazeados, me imploras
O que te implorei para dar.
Sem pressa, me engoles mansamente
E te sento e te sinto em volta de mim. Toda!
E volteio e revolteio, e me mexo, e entro e saio,
E te olho tão junto que já não te vejo.
E aumentamos o movimento ao frenético do desespero,
E suamos todos os suores, e gozamos todos os gozos.
Já não me reconheço, já não sabes quem és.
Olho para nós e não me vejo, e não te vejo.
Já não sei o que nos divide ou o que nos une.
Somos um outro ser de puro deleite.
E ris, gargalhas como louca no pico do clímax.
E já não sei quem somos, nem quem éramos.
E explodimos em pedaços de universo!!
Enfim, aos poucos, teus esgares e meus se acalmam
Até que desfaleces, penso cansada, com carnes trêmulas.
Volto a ti e já dormes,
Ronronando a tigresa caçadora saciada.
Levemente, deito a cabeça em teu ventre
E ainda cheiro o inebriante perfume da água da vida
Que aos poucos desce por entre tuas coxas mornas.
E, tocando o solo, fecunda o mundo.
E volto a te mordiscar e te beijar e te lamber
E recomeço, da raiz dos cabelos à ponta dos pés.
Porque nestas coisas de amar, não tenho medidas,
E nem as quero!
Sou Romeu de Julieta, sou Dante de Beatriz,
Sou D. Juan, sou Casanova, tudo a um tempo só;
Sou daqui e sou dali, sou o Boto Tucuxi.
Quando me percebes, já tivestes.
Quando me procuras, já fui
Para o rio, por entre aguapés,
Deixo gosto de quero mais
Sou danado, sou o cão,
Eu sou Deus na hora de amar
Eu sou assim. E tu quem és?
Esse poema foi escrito pelo meu amigo Gonçalo Santa Cruz de Souza, em homenagem à mulher amada.
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