20 de junho de 2010

Números, uvas, cerejas, morangos, vinho e Suri.



Sexta feira fui a um pub com uns amigos. Lá pelas tantas um deles ao saber que o que escrevo aqui não é nada tão denso assim, estranhou. O argumento dele para a estranheza foi encantador...Ele me disse algo assim: "O que? Voce com um papo tão interessante não escreve sobre coisas mais "densas"?" Rs Foi bom ouvir aquilo. Massageou meu ego e me fez pensar.
Definitivamente não gosto de escrever sobre coisas mais profundas aqui. Sofro ao fazer isso. Como agora, que vou escrever com o coração sangrando...Mas vamos lá.
Domingo, jogo do Brasil e eu que não estava com vontade de assistir ao jogo, resolvi sair para comprar algumas coisas no supermercado.
Acabei indo ao supermercado próximo de onde morei enquanto fui casada( ok,se não sabiam, sou viuva). Aí bateu aquele sentimento que é uma mistura de tristeza, saudades, melancolia...O fato é que senti uma saudade terrível de meu marido e de nossa vida.
Perambulei pelas ruas do bairro só para usufruir daquela mistura de sentimentos, que sequer sei definir se era boa ou ruim.
O cheiro das ruas, as cores, as pessoas, o movimento do bairro, o tempo dali....É cada local tem um tempo...No centro ,na Praça da Sé, tudo é muito rápido. Onde moro hj, é menos ...Mas lá onde morávamos é bem lento mesmo. Ou será mera impressão? Talvez seja.
Ao andar pelas ruas onde morei, comecei a pensar em minha vida. E algo que sempre digo tomou uma proporção maior.
Eu sempre digo que no fim todos seremos números. De processo, de estatistica. de registro em livros de cartório enfim.
Aí pensei melhor. Quando nascemos somos um número. O hospital faz constar que nasceu uma criança do sexo bla bla bla...para depois , caso haja, colocar um nome, seja Fabio, Rita ou Roberto.
Aí passamos nossa vida construindo uma personalidade para este nome. Somos, filhos, netos, alunos, empregadores, empregados...Compramos coisas em "nosso nome". Ao nos casarmos , nós mulheres, podemos ou não adquirir o nome do nosso companheiro. E nos tornamos irmãos,pais,tios,primos.
Alguns se tornam artistas e acabam adquirindo outra personalidade.
Mesmo os que não são pessoas publicas,como os artistas, têm um papel social no trabalho que é diferente do outro, o familiar, ou mesmo o social propriamente dito.
Ou seja, passamos a vida tentando não ser um mero número.
E agora aqui em casa, com uvas, cerejas, morangos, vinho e Suri, não tenho como fugir disso.
Ao nascermos somos um número. Nosso registro de nascimento tem número, inclusive de livro e folhas...Ao morrermos voltaremos a ser um número. No registro do cartório, agora no livro de óbitos. Numero de processo...número de estatistica... No fim, como no início, tudo são números.

9 comentários:

Karina disse...

Teté, eu tinha escrito um comentário até grandinho, mas apaguei pq estava muito down rs

Ruim não é sermos números, fato. Ruim mesmo é nos sentirmos assim, apenas um número. Mas esses momentos passam.

Para quem realmente importa, vc é muito mais que um número. Esteja certa disso.

Gueixa disse...

Ah Karina....
Obrigada mesmo...Sei que passa mas é frequente essa sensação de me sentir um número...Credo!!!!

Viky disse...

Minha querida personal psicanalista Gueixa...
Somos números sim, não vou te iludir...
Mas isso se comparado a uma macro vida onde somos bilhões agora, na nossa micro vida de no máximo uma centena somos pessoas que faz diferença.
Não preciso te dizer isso!
Você sabe disso! Você foi quem me ensinou isso!
Quantas vezes Gueixa, você fez uma baita diferença na minha vida?
Em coisas muito importantes, em problemas verdadeiros de sobrevivência e sobrevivência não é qualquer coisa...
Você pensou macronômicamente, tudo bem, eu deixo, agora achar que você não faz diferença, que você é um mero número? Sinto muito mas você, mesmo que você faça muito mas muito esforço mesmo para passar desapercebida, já não passou desapercebida por mim!

Os sentimentos, melhores ou piores, fazem com que percebamos que estamos vivos e que não somos um vazio...

Adoro-te, ontem, hoje e sempre.

Gueixa disse...

Viky eu te amo.

Viky disse...

Eu também querida...
Eu também e de graça!
Você mora no meu coração e não paga aluguel!!!

Espero que você esteja melhor.

Carolina D. R. disse...

Às vezes temos alguns sentimentos assim.
Não posso falar muito sobre isso, porque nunca perdi ninguém assim, achei interessante e bonita a história.
Cada lugar tem um cheiro um barulho, uma característica, assim como as pessoas. Para alguém, você traz todas essas lembranças deste tipo, mas números não. Números não sofrem nem escrevem coisas bonitas.
Os números são uma forma impessoal de se lidar com informações. Talvez, você realmente se torne um número, mas para as pessoas cujas vidas você marcou, números serão a última coisa da qual elas irão lembrar, essa é a beleza.

Van disse...

Se somos apenas número, com certeza vc deve ser um número impar! Adorei o que escreveu, sua história de vida é linda, siga o conselho do seu amigo, seja DENSA e nos dê o prazer de nos contar a delícia de suas histórias, porque com certeza, mais do que números a muita vida nelas... Me emocionei com o que li!!! beijo gigante pra vc!
ps1: nosso amigo em comum é o Bruxo.
ps2: o que é selo?

Helena disse...

Obrigada por me proporcionar ótimos minutos no começo do meu dia.

Obrigada também pelo comentário no meu blog.

Beijo.

Robson disse...

Sim, minha amiga Gueixa, somos números perante à sociedade.
O lado positivo dessa transitoriedade toda é que nunca fomos apenas um número para nossos pais, nem nossos filhos o são para nós. Nem os amigos, nem as pessoas que importam e que, de certa forma, nos influenciam de alguma maneira.
Ler seu texto me faz sentir um pouco do que você sente; me faz ser um tiquinho de você; e isso te transforma numa pessoa querida, admirada, inesquecível, e, pra mim, jamais um número.
Bjs!