5 de setembro de 2012

Isadora e o Anônimo

Entrei em meu serviço de correio eletrônico hoje e recebi o aviso de que havia um novo comentário a ser mediado na postagem do poema do Catulo da Paixão Cearense, publicada há algum tempo. A mensagem era um insulto à minha pessoa. Não publiquei, por óbvio. Entro no Facebook e me deparo com uma quantidade absurda de "selos" malcriados, xingamentos, lições de moral rasteiras, videos com a pretensão de denúncias e outra quantidade de "coisas fofas". Dentre os bichinhos fofinhos, trocas de mensagens amorosas, promessas de amor eterno, juras públicas variadas. E aí me vem o Anarquista com isto. Concomitantemente me chega a notícia disto. Tem um blogueiro que brinca com o pai. Deu de presente ao pai um notebook e criou uma página do Twitter com aparência do Google. Sempre que o pai pensa estar fazendo uma consulta , está, na verdade, tuitando. Jogou na rede essa brincadeira que já é coletiva. Estou tentando alinhavar aqui o que quero dizer. Bem, fico imaginando que temos disponibilizada uma ferramenta maravilhosa que é a internet. Com poucos cliques temos o mundo na tela. As possibilidades são inúmeras. Os veículos estão aí para serem utilizados por qualquer um de nós. Podemos escolher um ou usar todos eles. Podemos escolher como usar. Alguns postam xingamentos.Outros lições de moral. Tem aqueles, ainda, que preferem arrulhos cibernéticos. Tem os que fazem panfletagem virtual, publicando videos com denúncias. E tem os tais selos com o que eu chamo de "frase de efeito". Algo assim: "minha roupa não define meu caráter ". Pode trocar o "roupa" por tatuagem, piercing, enfim. O efeito é impactante!Tanto quanto é vazia e contraditória a tal frase. Se a forma como eu me apresento não define meu caráter, dá boas pistas.Ou não? Mas aí tem a Isadora. E ela vem para nos redimir. Se alguém quiser saber como fazer politica, vá lá na página que ela criou no Feice. Essa guria, de apenas 13 anos, dá uma lição de cidadania pra muito marmanjo. Ela poderia postar que "tá beijando", que pegou "a" ou "b". Ou "a" com "b". Ela também poderia esta compartilhando selos malcriados tanto quanto imaturos de como uma "mulher" deve se comportar para conseguir o seu "príncipe encantado". Poderia postar qual foi o último lançamento de sei lá qual marca. Ou sobre cores novas de esmaltes combinando com melissas,que o creme de cabelo lançado é o melhor do mundo ou ainda selos com piadinhas infames ou denegrindo imagens de artistas. Mas ela fala da escola onde ela estuda. Fotografa com seu celular fechaduras quebradas, fios descobertos, banheiros em situação ruim. Isso causa reações, em princípio ruins, mas depois as coisas tem tomado um rumo interessante. A escola tem tomado providências e consertado torneiras que estavam pingando,encapado fios que estavam descascados, ventiladores quebrados foram substituídos. Isadora nos mostra as providências tomadas pela escola. Ela também nos conta que a merenda, ou lanche, tem qualidade, é saboroso e que a maioria dos alunos aprova. Fala das aulas que são ministradas. Conta que uma professora interagiu de forma diferenciada na sala. E de como isso foi bom, gostoso. De como eles, alunos, curtiram a professora e a aula. Isadora age daquele jeito que uma daquelas frases prontas nos sugere: Ela faz a parte dela. Aproveita o veículo e faz o que tem que fazer. Faz mais, muito mais do que nós adultos deveríamos ter feito há anos. Cobra do Estado aquilo que lhe compete. Ela tem 13 anos. Já a pessoa que digitou o endereço deste blog na barra de endereço do navegador, leu o que estava publicado e escreveu um insulto e deu o "enter", não sei a idade, mas agiu como aqueles moleques que ficam à espreita do momento em que não haja testemunhas, para apertar a campainha de uma casa e sair correndo. Isadora,à propósito, assina o que publica.

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