22 de janeiro de 2013

Minha História contada por outra.

Assim, não foi de repente. Mas foi ao mesmo tempo. Eu sabia que chegara ao fim. Que nossas vidas seguiriam. Mas essa coisa de mulher querer conversar, analisar, discutir relação é tão complicado. Eu precisava entender cada passo, reação e movimento. Essa vontade incontrolável de querer saber de cada pensamento que passou pela cabeça dele. De ouvir cada sentimento, de entender… Como acabou assim? Nós éramos tão perfeitos. Éramos um em dois. E éramos muitos também. Porque nossa relação libertou a gente de algumas amarras, porque éramos muito diferentes. As diferenças eram como ímãs que não tínhamos a força de separar. E passamos a viver coisas que não havíamos vivido antes. E nem arriscado. Puxa… como eu amava isso quando a gente tava junto. Ser simplesmente quem éramos. Sem julgamentos, sem cobranças. E nossas diferenças nos aproximavam. Era a mágica da gente. O feitiço com ingredientes secretos que só nós conhecíamos. Foi tão bonito isso da gente se conhecer. E sabe? A gente foi feliz um tempo. Muito feliz. E até que muito tempo também. Mesmo não sendo completo. Era uma felicidade que vazava pelos sorrisos e olhares. Nem é ele que eu amo ainda. É dessa felicidade que eu senti um dia. E é disso que eu sinto falta. Ai que é uma falta que dói. Porque é uma falta para sempre. Algumas palavras deveriam ser proibidas. Sempre e nunca por exemplo. Queria tirar o sempre do vou te amar e o nunca do vou te esquecer. Na atual situação já seria bastante útil simplesmente trocar os adjuntos adverbiais. Não, eles não são de tempo, são de intensidade. Ahhh.. outra palavra que eu dispensaria do meu vocabulário seria intensidade. Pelo menos o rompimento seria mais morno também e não esse repelente de felicidade. Parece que eu passei por uma lipo aspiração de sentimentos. A conversa fluía. Ouvíamos música e falávamos de filmes. Mas, que merda! Não dava para viver assim o resto da vida, né? Nós tínhamos que nos apaixonar? Poderíamos ser felizes como amigos e continuar nossas conversas para sempre… Mas a gente tinha que se desejar e estragar tudo. O de repente não foi acabar. Foi o silêncio. Nunca imaginei que silêncio machucava. Ele dilacera na verdade. Poderíamos ter brigado e nos ofendido. Daí seria mais fácil. Teria lembranças ruins para me lembrar que ele não era o cara perfeito. Até isso o silêncio tirou de mim… a chance de brigar com ele. Mas sei lá, sabe? Nem sei o que é melhor ou pior. Guardar a lembrança de anos sem brigas com um fim mudo ou ter vivido uma história mais comum onde a mágoa nos faz esquecer dos momentos bons. Pensando bem, a primeira é a melhor opção. Pelo menos eu sei que quando ele vê uma foto minha, seus lábios esboçam um sorriso espontâneo com um carinho que não tem como morrer. E que nunca ninguém vai falar o nome dele como eu falava. E que quando ele lembrar de mim, vai lembrar da minha voz falando daquele jeito esquisito, mas que ele adorava. Pelo menos a página virada tem uma história bonita. E daí que eu já até mudei de ideia. E acho até que dá para continuar usando os adjuntos adverbiais. E essa história acabada, será bonita para sempre e eu nunca vou esquecer como um dia eu fui feliz. (Ceres Arantes)

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